“Pobre”na Bíblia traduz o termo grego ptochós que, por sua vez, é a tradução de vários termos hebraicos com conotações diferentes. Pobre pode significar alguém que é dependente, está a serviço, perdeu a propriedade fundiária por causa da injustiça e opressão; é também o fraco, sem peso social, o mendigo, o sem-teto, o indigente. O orante, nos salmos de lamentação individual (veja Introdução ao Livro dos Salmos), apresenta-se
como “pobre e miserável”, isto é, injustiçado por sua fidelidade a Deus e totalmente dependente de Deus, a quem implora auxílio.
Em Israel a propriedade tinha um fim eminentemente social. Por isso, a pobreza prolongada é vista como fruto da injustiça, uma desobediência a Deus que leva à falência da sociedade.
O único proprietário da terra é Deus. Por isso o latifúndio de alguns, à custa da miséria de outros, é intolerável.
Para combater a pobreza e a ganância, criaram-se leis sociais humanitárias:
a) a libertação, no sétimo ano, dos israelitas que caíram em servidão por causa de dívidas (Ex 21,2);
b) no sétimo ano a terra não era cultivada pelos donos e as colheitas pertenciam aos pobres (23,10s);
c) proibia-se a opressão e exploração dos pobres (22,22-26);
d) condenava-se a manipulação da lei em prejuízo dos pobres (23,6-9).
O próprio Deus se apresenta como defensor dos pobres e oprimidos, ele que libertou Israel da opressão do Egito (22,21s; 23,9).
Os profetas Amós (2,7; 4,1; 5,11; 8,4), Isaías (3,14s; 5,8s; 10,2) e Miquéias (2,2; 3,2-4) denunciaram a opressão dos pobres e miseráveis, pecado que levou à ruína do reino de Judá (Ez 22,29).
No NT a mensagem de Jesus se dirige especialmente aos pobres (Mt 11,5; Lc 4,18).
Chama-os de “bem-aventurados”(Mt 5,3; Lc 6,20), mas critica os ricos satisfeitos com sua riqueza (Lc 6,24-26; cf. Tg 2,2-7). Dos ricos exige desapego dos bens e o uso social dos mesmos (Mc 10,17-27; cf. Lc 19,8). No juízo final o cristão será julgado pela maneira como tratou os pobres e necessitados (Mt 25,31-46; Tg 2,13).
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