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domingo, agosto 08, 2010

Estudo: Jesus Cristou ou Super Homem

Nunca entendi o super-homem. Por que alguém com tantos poderes não faz nada de efetivo pelo bem do planeta e da humanidade. Não parece desperdício que um ser capaz de voar à velocidade da luz, dobrar vigas de aço, resistir a tiros de fuzil, ver através das coisas, ouvir a qualquer distância e disparar com os próprios olhos passe o dia salvando donzelas em apuros? Por que não combate o tráfico de drogas? Por que não derruba regimes ditatoriais? Por que não intermedeia conflitos armados ou guerras civis? Por que não condena a corrupção?

Eu sei que o super-homem não existe. Também sei que, mesmo o dos quadrinhos, já salvou o mundo de perigos terríveis: seres extraterrestres, aviões em queda, armas nucleares e as maluquices do Lex Luthor. Minha dúvida não é a respeito da existência do super-herói ou seu currículo. Minha dúvida é sobre a força e a tendência de nossas fantasias. Queremos um herói que conserte a vida na terra ou um que nos salve de problemas particulares? Queremos a segunda opção.

Qual seria a graça de um herói envolvido em assuntos internacionais, diplomacia, economia, crime organizado ou redes de pedofilia? Legal é que ele bata em três ou quatro marginais de uma só vez e devolva a bolsa da mocinha. Bacana é vê-lo apanhar o rapaz que pulou do vigésimo andar ao mesmo tempo em que impede a colisão de um veículo desgovernado. Sentimo-nos seguros não porque há quem garanta a ordem e a harmonia da vida, mas porque há quem nos socorra quando nos metemos em enrascadas.

Jesus Cristo não é o super-homem. Não veio ao mundo para punir vilões e salvar inocentes. Também não veio para integrar comissões de estudos ecológicos ou fundar organizações não-governamentais de ação social. Veio para libertar-nos de nós mesmos, nossos pecados e miséria, concedendo-nos a salvação que conquistou na cruz. Ensinou-nos a ética do amor e deu sua vida por nós. Satisfez a justiça que há na lei e convidou-nos para os benefícios de sua graça. Chamou-nos para o seu reino.

Não era o que queríamos. Ninguém pediu por perdão, restauração ou força nas adversidades. Pedimos por milagres, livramentos, vingança contra os inimigos e vitórias em situações pontuais. Nossa fantasia é que alguém chegue voando enquanto caímos, arrebentando tudo enquanto sofremos, quebrando a cara de quem nos persegue. Um herói compassivo, justo, humilde, fragilizado, lutando com as armas do amor e da auto-negação… quem aguenta? Alguém chame o super-homem! Sua fraqueza é a criptonita e não a compaixão.

Por tudo isso, os judeus rejeitaram Jesus Cristo. Não era o herói que esperavam. Por tudo isso, rejeitamos Jesus Cristo. Não é a solução que gostaríamos. Por tudo isso, continuamos amarrados a fantasias de onipotência que jamais nos libertam de nossas angústias. Por tudo isso, ainda somos vítimas da arrogância e das injustiças que nos impõem os poderosos deste mundo, aos quais nos associaremos assim que tivermos chances. Por tudo isso, seguimos sem sabedoria ou fé, criando contra nós mesmos situações que só fazem nos prejudicar. E ainda estamos mortos em nossos delitos e pecados.

Somos duros de coração e tardios para entender tudo que Deus planejou para o nosso bem. Ainda não nos demos conta de todas as vitórias que Jesus conquistou e nos disponibilizou por sua generosidade. Permanecemos tímidos, ignorantes e iludidos por nosso próprio engano. Talvez por isso, ao se fazer passar por um ser humano normal, o super-homem adote a figura ingênua e desinteressante do Clark Kent. Foi o jeito que encontrou para dizer como nos vê: bobos e perdidos, atrapalhados e distraídos com nossos problemas. Incapazes de perceber o que está bem diante do nosso nariz…

Feito por Pr. Marcelo Gomes
Pastor titular da 1ª I.P.I. de Maringá

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