A Astronomia, segundo Boyer, é o “estudo dos astros, ou seja, das estrelas, dos planetas, dos cometas, das galáxias”. A Astronomia é uma matéria científica que teve início muito cedo na história do mundo. Por meio desta ciência, unindo-se outras que a complementam, é que se tem o conhecimento acerca do universo que nos cerca. Penso que seria impossível à ciência atingir o desenvolvimento que vem alcançando, na descoberta do cosmos (chegada do homem à lua e ao espaço, por exemplo), sem a existência da observação astronômica.
A Astronomia auxilia muitas ciências que fornecem informações importantes para a humanidade, como a meteorologia, a influência dos astros nas formações geológicas, na agricultura e até na pecuária, na pesca e algumas outras áreas. A observação dos astros ainda serve de guia para os viajantes do mar, da terra e do espaço. O escurecer e a confusão dos corpos celestes são fenômenos associados às calamidades, Is 13.10,11; Ez 32.7,8; Jl 2.10; 3.15,16; Mt 24.29; At 2.9,10; Ap 6.12,13.
Estudar os astros, no meu entendimento, não apresenta nenhum conflito com a Revelação Bíblica. Isto porque a própria Bíblia inicia com o relato da criação de tudo o que existe, fazendo menção dos “céus” e das “luminares na expansão dos céus”. Deus, o Ser infinito, eterno, auto-existente e causa primária de tudo o que existe, é o Criador dos astros e de toda a engrenagem que os sustenta. Ele nunca impediu o ser humano de estudar a obra por Ele criada, pelo contrário. O salmista assim se expressou: “Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste... Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome sobre toda a terra!”, Sl 8.3,9. A contemplação dos astros levou Davi a reconhecer a grandeza e a bondade de Deus para com os filhos dos homens, tão ínfimos diante da obra criada, com pleno domínio sobre a criação, porém tão dependentes de Deus. Ou seja: ao universo revelava para ele alguns atributos de Deus.
Deus tinha razões específicas para criar o mundo. Primeiramente, Ele tudo criou como manifestação da Sua glória, majestade e poder. Ao olharmos a totalidade do cosmos criado – desde a imensa expansão do universo, à beleza e à ordem da natureza – ficamos tomados de temor reverente ante a majestade do nosso Deus e Criador. Homem algum, por mais que avance nas pesquisas científicas, pode criar aquilo que Deus fez. Também não consegue explicar, porque a cada dia descobre-se novas galáxias, novas constelações, novo planeta. Sempre haverá algo mais a conhecer e o tempo do homem sobre a terra, por mais que pesquise, é muito pouco, insuficiente para tanto conhecimento.
O salmista também disse: “Os céus manifestam a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra das Suas mãos”, Sl 19.1. Contemplando tal revelação natural, Davi começa a exaltar a natureza, benefícios e valores da Palavra de Deus – a revelação escrita. Os filhos de Coré efetuaram um convite por meio de um cântico: “Vinde, contemplai as obras do Senhor...”, Sl 46.8. Em uma profecia por meio de Isaías, Deus convida os homens à contemplação astronômica: “Levantai ao alto os vossos olhos, e vede quem criou estas coisas, quem produz por conta o seu exército, quem a todas (as estrelas) chama pelos seus nomes; por causa da grandeza das suas forças, e pela fortaleza do seu poder, nenhuma faltará”, 40.26.
A preocupação espiritual, penso, está no que a contemplação dos astros produz no homem. No caso do salmista, ele encontrou mais razões para dar graças e glórias ao Criador. Li certa vez que o astronauta Aldrin, ao descer na lua junto com o comandante Armstrong e o outro companheiro, deixou lá o Salmo 8. Tão profunda foi a impressão que ele teve (fazendo uso da astronomia como ciência), que se converteu a Deus e tornou-se um pastor, um pregador da Palavra de Deus. Em tempos remotos o paciente Jó, no cap. 9, fala do poder criador de Deus e ainda cita nomes de estrelas: “Que faz a Ursa, o Oriom, e o Setestrelo...”, v.9, o que demonstra a existência de ensaios de Astronomia já naquele tempo.
Em segundo lugar, Deus criou os céus e a terra para receber a glória e a honra que Lhe são devidos. Todos os elementos da natureza – inclusive os astros – rendem louvores ao Deus que os criou, Sl 98.7,8; 148.1-10; Is 55.12. A Bíblia diz que o Senhor Deus conta as estrelas, sabe os seus nomes e as usa para o seu propósito, como por exemplo no caso dos Magos, que foram guiados por uma estrela até onde estava Jesus, Mt 2.9. Em seu cântico de vitória, Débora declarou que “até as estrelas desde os lugares de seus cursos pelejaram contra Sísera”, Jz 5.20.
Feitas estas observações, deduzo que não há incompatibilidade entre a Astronomia e a Revelação Bíblica, podendo ser conciliadas sem problemas, desde que não se coloque em dúvida o ato criador de Deus e as disposições da Sua Palavra. O que não dá para conciliar são as constatações que muitas vezes a ciência apresenta, que especulam sem fundamentos a obra criada por Deus, como o big-bang, por exemplo. Outro aspecto condenatório é transformar a observação dos astros - que deveria ser científica - em religião, ou seja, passar a promover a “adoração aos astros”, uma forma de idolatria que desviou os hebreus do caminho da Lei, 2 Re 17.16; Jr 19.13; At 7.43. Ver respostas às questões 15 e 21.
Estudo feito por Ev. Alaid S. Schimidt
muito bom parabéns
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