Pages

sexta-feira, dezembro 02, 2011

Estudo: Explicando o que é Deísmo


R.N. Champlin: “A palavra vem do latim theós, “Deus”... enfatizava que o conhecimento sobre questões religiosas e espirituais vem através da razão, e não através da revelação, que sempre aparece como suspeita e como instrumento de fanáticos e de pessoas de estabilidade mental questionável. Essa circunstância outorga-nos a característica básica do deísmo: um conhecimento adquirido através da razão, e não através da revelação. A isso chamamos de religião natural, em contraste com a religião sobrenatural…”. 
De uma perspectiva histórica, embora os socianos já utilizassem o termo no séc. VI, o deísmo é um fenômeno cultural típico dos séc. XVII e XVIII, que se enraíza no humanismo antropocentrista do Renascimento - o qual deslocou de Deus para o homem o interesse cultural - no cientificismo então nascente, no racionalismo e no empirismo. O deísmo criou um sistema de fé num Deus transcendente que abandonou sua criação ao governo das leis naturais descobertas pela razão. Deus se torna ausente. Para o deísmo Deus está acima e além da Sua criação. Fugindo do estreito dogmatismo e da superstição ingênua, seus expoentes buscaram banir os mistérios e os milagres e afirmar uma religião “natural”. 
Os representantes dessa tendência compartilhavam tanto a confiança na capacidade da razão como a suspeita quanto a tudo o que pretendesse superá-la. De igual modo, acreditavam numa forma de religião natural, isto é, aceitavam a existência de um substrato religioso que podia ser captado racionalmente, mas negavam qualquer fator sobrenatural e consideravam que tudo o que se podia conhecer desse Ser Supremo era sua própria criação, a natureza, na qual o homem devia buscar suas normas de conduta.
Nem todos os pensadores deístas, contudo, coincidiam nas posturas filosóficas e religiosas, nem chegavam ao postulado extremo de que Deus carecesse totalmente de relações com o mundo. Em muitos aspectos, portanto, o deísmo era uma forma de justificação racional do sentimento religioso, que se opunha ao recurso à fé e à revelação.
O termo "deísmo" foi cunhado na França no séc. XVIII, sendo a teologia do iluminismo, mas as teses deístas já haviam sido expostas na primeira metade do século anterior por Lord Herbert Cherbury, considerado o pai do deísmo britânico. A difusão do deísmo na Inglaterra se deveu em boa parte à oposição tanto à Igreja Anglicana como ao fanatismo puritano. Assim, o livre-pensador John Toland, autor do tratado “Cristianismo sem mistérios”, 1696, afirmou que "a autêntica religião não é senão o exercício da moralidade considerada como obediência a Deus".
Os deístas da Inglaterra atacaram as chamadas religiões reveladas, especialmente o cristianismo. Eles asseveravam que as supostas revelações do Antigo e do Novo Testamentos são, na realidade, uma coleção de livros fabulosos e sem autenticidade. Cherbury, o “pai do Deísmo”, defendeu os “Cinco Pilares do Deísmo”: 1. A existência de um Deus supremo; 2. Ele é digno de ser adorado; 3. Precisamos de santidade para nos relacionar com Ele; 4. O arrependimento expia pelo pecado; 5. Nossas obras precisam ser galardoadas ou punidas, além da morte biológica. 
Em linhas gerais, portanto, o deísmo é menos uma doutrina estrita que uma tendência filosófica que realça, em maior ou menor grau, a liberdade humana dentro do conjunto da criação.  Doutrina que considera a razãocomo a única via capaz de nos assegurar da existência de Deus rejeitando, para tal fim, o ensinamento ou a prática de qualquer religião organizada. O deísmo é uma postura filosófica-religiosa que admite a existência de um Deus criador, mas rejeita a idéia de revelação divina. Na verdade, o Deísmo é um defensor do paganismo.
O deísmo parecia estabelecer uma religião ao mesmo tempo natural e científica. Uma religião sem revelação escrita, enfatiza o céu como uma realidade totalmente distinta da terra com a lei moral. Os deístas ensinavam que as leis naturais da religião eram encontráveis pela razão - era a crença num Deus transcendente entendido como Causa Primeira de uma criação marcada pelas seqüências de um plano. Eles criam que Deus deixou sua criação reger-se por leis naturais; assim, não havia lugar para milagres, nem para a Bíblia como revelação de Deus, nem para providência ou para Cristo como um Deus-homem. Somente Deus deveria ser cultuado, pois Cristo era simplesmente um mestre. A piedade e a virtude eram o culto mais importante que se podia prestar a Deus, cujas leis éticas estão na Bíblia. O homem tinha que arrepender-se do erro e viver conforme as leis éticas, pois a alma é imortal e está sujeita a recompensa ou ao castigo depois da morte.

Por Ev. Alaid S. Schimidt

Nenhum comentário:

Postar um comentário