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sexta-feira, março 22, 2013

Estudo: Instituindo o Reino de Deus


Desde então, começou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus”. Mt 4:17

A palavra reino, que no dicionário da língua portuguesa significa – “Domínio”, é freqüentemente vista nos escritos bíblicos. Aproximadamente 137 vezes que a bíblia retrata a palavra reino, referente ao governo de Deus e de Cristo, isto somente no Novo Testamento.  Do grego Basiléia, significando “realeza, governo”, tem seu significado baseado nas profecias do Antigo Testamento, onde o reino seria instituído pelo Messias. Este reinado é descrito como um período de ouro no qual a verdadeira justiça será estabelecida gerando paz e bem-aventurança.
Os judeus possuem o entendimento destas profecias como algo temporal, e aguardam um messias que virá em glória para o julgamento final de todas as nações. Porém, em Cristo temos o entendimento que este reino é antes de tudo, espiritual, isto é, primeiramente habitará no coração dos homens. Este reino terá por testemunha o Espírito Santo, quando lemos (Lc 2: 27), vemos Simeão sendo levado pelo Espírito á conhecer o Messias (Jesus), tendo a ciência de que o Reino havia chegado. Logo temos uma conclusão de que, o reino está intimamente ligado ao Messias, ou seja, o reino é o próprio Cristo. Quando lemos em Colossenses 1: 15-17, Paulo escreve que todas as coisas foram criadas por meio de Cristo e para Ele mesmo. O reino de Deus não está desvinculado de Jesus.
Quando olho para o título deste texto, “Instituindo o Reino”, quero propor a razão disto, isto é, que reino está sendo instituindo, e qual o meio de instituí-lo? A resposta desta questão é: o Reino é Cristo e o meio é o vivenciar de Sua Palavra. Tudo está casado, Jesus é o reino como também a palavra. (Jo 1: 1-3).


Mas quando observo os dias contemporâneos, me pego numa indagação ainda maior. Se o Reino é Cristo, e seu reino é de paz e bem-aventuranças, por que o mundo está vivendo num caos? A resposta desta pergunta me incomoda como também, creio que irá lhe incomodar também. Quem tem a responsabilidade de apregoar o Reino? Segundo o que relata a bíblia, o reino de Deus é proclamado antes mesmo de o próprio Jesus nascer, isto é, se olharmos o Antigo Testamento veremos profecias acerca do reino e se olharmos o Novo testamento veremos João Batista apregoando a chegada do Reino. (Lc 3: 3; Mc 1: 4; Mt 3:2). Logo, a responsabilidade de instituir Jesus (reino) é nossa enquanto discípulos e co-herdeiros deste reino. (Mt 28: 19)
Mas o mundo está vivendo a cada dia o relativismo da verdade, a subjetividade de suas vontades e pensamentos, buscando a cada dia um novo rumo para sua insatisfação humana. Posso dizer que o Reino está sendo instituído? Não posso generalizar isto é fato. Há lugares no mundo, onde verdadeiros cristãos têm disponibilizado seu suor, sangue, vida para a proclamação do reino de Deus. O reino tem sido sim proclamado, mas ainda não vivenciado conforme deveria ser.
Quando observo o contexto da Eclésia brasileira, me envergonho de ser tachado, num senso comum, como evangélico. Esta nomeação tem sido, nos dias atuais, difundida e distorcida. Pois qualquer indivíduo que faça parte de uma igreja evangélica se torna um evangélico, isto é lógico. Porém, o evangélico está longe de ser cristão. Posso eu, separar estes termos e dar significados distintos, embora haja semelhança na crença. Mas evangélico é aquele que crê nos escritos bíblicos, enfatizando os evangelhos do Novo Testamento. Cristão é todo aquele que, como em Antioquia foram chamados os primeiros servos de Cristo (At 11: 26b), segue fundamentalmente os passos de Jesus Cristo, obedecendo seus preceitos e sua palavra, testemunhando com sua vida e sua boca o reino de Deus.
Hoje é fácil dizer que nem todo evangélico é cristão, principalmente quando se vê frutos incompatíveis com o Fruto do Espírito. Desprezo, arrogância espiritual, ritualismos, idolatria á estrelas do meio gospel, acusações, falácias, falta de perdão, falta de misericórdia, falta de amor, tem sido frutos colhidos pela sociedade da igreja evangélica. Quando leio os ensinamentos do reino, todo tipo de atitude e comportamento como estes estão fora de cogitação. E o que dizer dos ministros? Das palavras apregoadas nos púlpitos? O que dizer da empresa da fé? Sendo reconhecida mundialmente, pela revista FORBES, revista de economia americana que apresentou estatísticas surpreendentes sobre alguns líderes evangélicos carismáticos do Brasil, fora outros que não se igualam em riqueza, mas sim em ideologia.
Mas não quero me ater a essas críticas e sim comentar e elucidar sobre o Reino de Deus. Em seus ensinamentos Jesus deixa claro, principalmente no texto referência desta meditação, o arrependimento é a porta de entrada para o Reino. “... Arrependei-vos...”, este é o termo utilizado por João Batista e Cristo quando se refere ao Reino de Deus. Não quero entrar no mérito teológico sobre a graça, mas quero definir alguns pontos importantes para nosso entendimento do reino.
O reino de Deus é instituído por meio de Sua Graça e Misericórdia. Ou seja, sem essas duas decisões divinas o reino existiria, mas não seria acessível ao homem. É por meio da Graça que recebemos o reino e é por meio da Misericórdia que somos mantidos nele. A palavra nos traz o entendimento de que o homem, participante do reino de Deus, é nova criatura, pois a velha está morta. (2Cr 5: 17-19) Isto é, fomos vivificados em Cristo e agora somos co-herdeiros de Seu reino. (Rm 8: 17) Tudo isto se deu por intermédio do Espírito Santo, pois é Este quem testifica em nossos corações. (Rm 8: 16)
Quando temos o entendimento disto podemos distinguir dois termos: Justificativa e Arrependimento. 
Em Lucas 18: 9-14, Jesus nos traz uma parábola, que se encaixa perfeitamente dentro do perfil do Reino de Deus. Esta história traz dois personagens, um fariseu (líder religioso) e um publicano (escória da sociedade judaica, considerado traidor). Jesus faz um paralelo entre os dois, onde mostra toda a religiosidade do fariseu, justificando-se em seus atos diante de Deus (v. 11 e 12), e o publicano arrependido, buscando misericórdia de Deus (v. 13). A pergunta que não cala é, onde está a justificação? No Fariseu ou no Publicano? Jesus no v. 14, diz que o publicano voltou para casa justificado. A conclusão de tudo é que, as justificativas dos atos religiosos não chegam a Deus como chave de acesso ao Seu reino, tanto porque, nossos atos de justiça são considerados como trapos de imundícia. (Is 64: 6), e sim nossa atitude de arrependimento. E diferentemente do remorso, arrependimento é o que faz estremecer nosso coração em temor e amor á Deus.
Instituir o reino de Deus é apregoar o arrependimento e retorno deste homem á Cristo, vivendo em amor, tendo a esperança de um dia, encontrarmos com Jesus nas alturas, e viver a plenitude da Sua glória em Seu reino Eterno.
Deus abençoe.

Por Pr. Daniel de Moraes Zane

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