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quinta-feira, abril 19, 2012

Reflexão: Paz e Santidade - Essência da vida cristã


Hb 12.14 – “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”. 
O capítulo 12 de Hebreus traz uma série de exortações à vida cristã exemplar, indicando a direção que nossos olhos devem atentar: o testemunho dos mártires, no plano horizontal e o testemunho de Cristo, no plano vertical. O caminho é um só: ver o Senhor, tanto aqui na terra, operando milagres e maravilhas em nosso favor, como na glória eterna, onde gozaremos com os santos vitoriosos da Sua permanente bondade.
O bom testemunho alcançado pelos heróis do passado serve de incentivo a que perseveremos na corrida da fé, ainda que conduza ao martírio. Para isso, somos admoestados a nos desvencilhar do pecado e dos embaraços que nos assediam de perto. Para que sejamos vitoriosos em nossa vida cristã e consigamos alcançar o prêmio da vida eterna, o autor do livro esclarece que Deus tanto nos prova como nos corrige. A prova pode envolver, além de problemas com enfermidades, financeiros e outros, os problemas de relacionamentos e conflitos com o próximo, aquele que está perto de nós.
A provação é claramente descrita no capítulo onze, onde a galeria dos heróis da fé apresenta os quadros enfrentados por muitos crentes e a vitória que eles alcançaram, tão somente mantendo a fé em Deus e perseverando na corrida em direção da eternidade. Assim, somos animados a “restabelecer as mãos descaídas e os joelhos trôpegos”, fazendo “caminhos retos para os pés”, Hb 12.12-13a. Em seguida, o autor sacro nos adverte acerca da paz e da santidade, v.14.
O Senhor Jesus resumiu os mandamentos em dois: amor exclusivo e sincero a Deus e amor ao próximo, Mt 22.36-39. Se atentarmos, veremos que do mau relacionamento com Deus e com o próximo decorrem quase todos os tipos de pecados existentes. Por causa de afrontas, decepções, frustrações, vinganças, o ser humano acaba deixando que sua alma seja invadida pelas raízes de amargura (v.15) e estas trazem inúmeras perturbações no seu íntimo e se expande para o círculo de relacionamentos.


Os conflitos existem e devem ser tratados à luz da Palavra de Deus, para que deles surja em nós melhorias, correções, aperfeiçoamentos que contribuam para a formação do nosso caráter. Não é a ausência de conflitos que determina se somos ou não verdadeiros cristãos, mas a forma como lidamos com eles quando surgem. A atitude carnal decide pela separação, pelo desprezo, pelo revide, pela divisão, pelo abandono, pela vingança. A Bíblia diz que os que estão na carne não podem agradar a Deus e nem verão a operação de Deus. Diz ainda que se pendermos para a carne, veremos a morte; mas, se pendermos para o Espírito, experimentaremos a verdadeira vida e teremos paz (Rm 8.1-8). A atitude espiritual decide pelo amor, pelo perdão, pela paz, pelo conserto, pela restauração (Rm 12.9-21).
O Senhor falou que toda sorte de males procede do coração: “Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias”, Mt 15.19.  O coração de quem deseja uma vida cristã em comunhão com Deus deve ser limpo de toda sorte de imundícias. Aquilo que para nós aflora como razão, levando-nos a julgamentos e atitudes desprezíveis, para o Senhor não passa de sujidade do nosso interior. Jesus disse: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus”, Mt 5.8. Somente purificamos nosso coração com a Palavra de Deus e pela operação do Espírito Santo: “Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a Tua Palavra”, Sl 119.9. “Andai em espírito e não satisfareis à concupiscência da carne”, Gl 5.16.  
Se quisermos ver a Deus aqui e na eternidade, precisamos exercitar a paz com todos e a santificação. Se sofrermos males, perseguições, afrontas, desafios, isto se tornará um mal para nós se deixarmos que roube a nossa paz. A prática do perdão, a prudência no falar, a vigilância no pensar e agir nos ajudará a manter a paz. Se tivermos paz com Deus, não precisamos nos preocupar com tudo o mais que nos rodeia. A paz com Deus é árbitro em nossos corações, Cl 3.15. Paulo escreve: “No que depender de vós, tende paz com todos”, Rm 12.18. Somos admoestados a “seguir as coisas da paz”, Rm 14.19. Satanás somente é esmagado debaixo de nossos pés pelo “Deus da paz”, Rm 16.20.
Para manter a paz, somente o conseguiremos por meio da santificação. Santificação nada mais é do que “separação”. O Salmo primeiro chama de “bem-aventurados” ou “felizes”, aqueles que vigiam os seus caminhos. O caminho do pecado é gradativo: “anda segundo o conselho dos ímpios” (os que operam a impiedade), “detém-se no caminho dos pecadores”, “assenta-se na roda dos escarnecedores”. Devemos repensar nossos passos, se queremos ver o Senhor, inclusive no arrebatamento da Igreja. Se onde andamos, nos detemos e nos assentamos é lugar de fofocas, mexericos, difamações, detratações, conversas impuras, brincadeiras profanas, conselhos incoerentes com a Palavra de Deus, a melhor atitude é a separação. Sem, contudo, cortar o vínculo da paz. “Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus”, 2 Co 7.1.  
Precisamos ter consciência e maturidade suficiente para saber que, se deixarmos de fazer algo, falarão de nós e nos acusarão como omissos e outros termos depreciativos. Se fizermos, criticarão o que fazemos e ainda aumentarão os pontos da dificuldade com difamações, calúnias, mentiras, invejas e tantas outras manifestações. O que nos garantirá tranquilidade e segurança é a paz com Deus, a santificação para Deus e a busca da paz interior que nos impeçam de sermos iguais àqueles que nos condenam. “Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”, Rm 8.31.
Concluindo, a ordem bíblica é “seguir”, ou seja, “decidir por”, “tomar o rumo” da paz e da santificação. Paz não é ausência de guerra, é postura “na” guerra. Santificação não é desprezo pelos pecadores, é postura entre os pecadores. Que o desenvolvimento desses dois alicerces construa nossa casa de forma a permanecer segura nas tempestades da vida e nos manter firmes para o Dia do Senhor.

Por Ev. Alaid S. Schimidt

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