De acordo com a. definição do dicionarista Aurélio, a palavra pecado vem do latim peccatu e significa “transgressão de preceito religioso. Falta, erro; culpa, vício”. E complementa: “Pecado original - o pecado de Adão e Eva, transmitido a todos os seus descendentes, que nascem em estado de culpa”. Segundo o Breve Catecismo de Westminster, “Pecado é qualquer falta de conformidade com a lei de Deus, ou qualquer transgressão desta lei”. Outro Catecismo importante, o de Heidelberg, traz como terceira pergunta: “Como você conhece sua miséria?”. E responde: “Pela lei de Deus”. Em 1 Jo 3.4 temos: “... pecado é transgressão da lei”.
No grego, os termos bíblicos usados para pecado são: hamartia, que significa “ato pecaminoso, pecaminosidade”, At 3.19; paraptoma, “transgressão, pecado, passo em falso”, Ef 2.1; anomia, “ilegalidade, transgressão, pecado como estado mental, ato ilegal”, Mt 13.41; e adikia, “injustiça, erro, impiedade, iniqüidade”, Rm 6.13. No hebraico encontramos as seguintes palavras para pecado: chata, que quer dizer “errar o alvo”, Êx 20.20; aven, “agir com perversidade”, Is 53.6; pesha, “revoltado”, Is 1.2; maal, “agir traiçoeiramente”, Js 7.1; marah, “rebelar, amargurar a Deus”, 1Sm 12.13; e marad, “ser desobediente”, Ne 9.26.
A maioria dos teólogos usa o vocábulo grego Hamartia, literalmente “errar o alvo”, para definir a palavra “pecado” cf. Tg 4.17; Rm 3.23. O pecado não é uma deformação psicológica, mas sim um ato voluntário de rebeldia e desobediência do homem contra o seu Criador. Esta é a característica mais notável do pecado: em todos os seus aspectos, ele é orientado contra Deus. Assim Davi se expressou: “Pequei contra ti, contra ti somente”, Sl 51.4. Paulo também tem esta visão: “O pendor da carne é inimizade contra Deus”, Rm 8.7. O pecado consumado provocou a separação do homem do seu Criador, Rm 3.23; a perda da sua imagem original moral, Tg 3.9; e a morte eterna, Rm 5.12.
Podemos ainda definir o pecado como: desobediência, Tg 1.3,13-15; Hb 2.2; e transgressão, Tg 1.15; 1 Jo 3.4. A desobediência, na maioria das vezes, está latente, escondida no coração. A transgressão sempre está patente e exposta. Isto significa que toda a ação contra Deus, seja escondida ou revelada, é pecado. Tal definição procede do ato praticado pelo primeiro casal que, no Éden, praticou a desobediência e transgrediu contra a ordenação divina, Gn 2-3.
Paulo, em Rm 5.13, relaciona o pecado com a quebra da lei de Deus; João, em 1 Jo 3.4, com rebelião contra Deus, ou transgressão; Davi, no Sl 32.5, com a impureza moral; e em Mt 5.28 Jesus relaciona o pecado com os pensamentos malignos, afirmando que eles são tão pecaminosos, quanto os atos malignos. Além desses pecados de “comissão”, Tiago ainda enfatiza a possibilidade de pecar por “omissão”: “Aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando”, Tg 4.17. Paulo vai mais além: “Tudo o que não provém de fé é pecado”, Rm 14.23.
Como explica a questão três, o pecado teve sua origem na esfera celestial, quando Lúcifer decidiu se rebelar contra Deus e formar um motim entre os anjos, sendo que parte deles o seguiu em seu orgulho e cobiça. Trazendo em si a semente do pecado, Satanás e seu exército de demônios desde então, procura obter adoradores e rebeldes iguais a si. Sendo o homem o coroamento da criação divina, feito à Sua imagem e semelhança, foi ali que ele concentrou toda a sua maldade.
No cap. 3 de Gênesis lemos acerca da tentação – ato provocativo de Satanás, incorporado na serpente – onde Eva e seu marido Adão foram influenciados a desobedecer a Deus, dando origem ao pecado do homem. Foi o que se chamou o
pecado original, que não tem nada com uma história de sexo, ao contrário do
que se costuma dizer. Após terem caído nessa tentação, Adão e Eva foram
expulsos do Jardim de Éden, perdendo a vida eterna e a comunhão com Deus, tornando-se criaturas mortais e transmitindo essa morte espiritual e física a todos os seus descendentes, dos quais nós também somos.
Tal entendimento levou Tiago a definir a formação do pecado dentro do homem: “... cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado, e o pecado, uma vez consumado, gera a morte”, Tg 1.14,15. Desta forma, o pecado segue uma rota: tentação – atração – sedução – concepção – consumação = morte.
Por Alaid S. Schimidt
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