Teísmo vem da palavra grega theós (deus). Esse termo (juntamente com o adjetivo “teísta”) surgiu na Inglaterra, no séc. XVII, quando foi usado em contraste com “ateísmo” e “ateu”. Sem o termo, o conceito é tão antigo quanto as religiões humanas, as quais, por sua vez, são tão antigas quanto o próprio homem. Teísmo representa crença em Deus, em algum deus ou em deuses. Visto que essa não é uma palavra técnica, pode ser usada de várias maneiras. Porém quase sempre entende a existência de algum poder supremo ou poderes supremos, usualmente concebidos como pessoas que se revelam a Si mesmas. O teísmo pode defender o monoteísmo (um só Deus) e o politeísmo (muitos deuses) ou pode ser bastante vago, indicando um deus ou deuses em algum lugar.
A idéia usualmente envolve a crença de que os poderes divinos interessam-se pelas vidas humanas, com o intuito de recompensar ou punir, exercendo certas influências sobre o mundo dos homens. Embora não necessariamente, faz parte do teísmo, a ideia de uma divindade criadora. Quase todos os conceitos teístas arrastam após si a ideia de obrigação moral diante do Poder Divino ou de poderes divinos. O teísmo promove a ideia de um Deus ou de deuses, e essa divindade aparece, ao mesmo tempo, como imanente no mundo e transcendental ao mundo. Deus atua entre os homens. Usualmente, embora não necessariamente, o teísmo aparece associado a um Deus ou a deuses dotados de poderes criativos; a criação aparece como distinta de Deus, quanto à sua natureza.
No teísmo clássico, Deus aparece como Ser absoluto, possuidor de diversos ominis, como onipotência, onipresença, etc. No teísmo dipolar, Deus aparece como Ser absoluto, ao mesmo tempo imanente e transcendental. No teísmo relativo, Deus não figura como um Ser absoluto, apesar de ser possuidor de grande poder. Segundo esse ponto de vista, Deus é finito, e não infinito. Poucos teólogos cristãos têm aceitado esse ponto de vista. No teísmo evolucionário (John Fiske), o poder divino aparece por detrás do processo de evolução no mundo, por ser a sua causa. No teísmo especulativo (Christian Weisse), faz-se a tentativa de ver Deus como um Ser absoluto, identificado como o Absoluto dos filósofos. Deus, de acordo com essa concepção, é uma Pessoa infinita; o homem aparece como uma pessoa finita e livre, que encontra o centro e a razão de sua existência na Pessoa infinita. No teísmo ético (Sorley), um Deus finito é a origem de todos os valores humanos. No teísmo moral (A.E. Taylor), acha-se uma prova da existência de Deus nas experiências morais. Ali, esse tipo de experiência faz parte essencial da existência humana.
Champlin aquilata melhor a força do teísmo contrastando-o com outros conceitos:
1. O teísmo indica a crença em poderes divinos; o ateísmo, por sua vez, nega a realidade desses poderes.
2. O teísmo ensina que os poderes divinos nutrem interesse pelos homens, intervindo na história humana, responsabilizando os homens por seus atos, recompensando-os ou castigando-os; mas o deísmo ensina que Deus divorciou-se de sua criação, deixando-a ao encargo das forças naturais, pelo que não se interessaria pelos homens e nem entraria em contato com eles, não os recompensando e nem os punindo, exceto indiretamente, através de leis naturais que continuam atuantes.
3. O teísmo pode incorporar o henoteísmo, pelo que poderia haver muitos deuses, embora somente um deles entre em contato conosco, ao passo que os demais manter-se-iam indiferentes. O henoteísmo, pois, é uma forma de teísmo.
4. O politeísmo, que assevera a existência de muitos deuses, também é uma forma de teísmo.
5. O teísmo usualmente ensina que existem evidências adequadas, de natureza prática, mística e racional, para provar a existência de Deus ou de deuses. Fazendo contraste com isso, o agnosticismo crê que apesar da existência dessas evidências, elas são inconclusivas, havendo contra-evidências (principalmente o Problema do Mal), que deixam em dúvida qualquer pessoa que pensa.
6. O teísmo assevera que podemos e devemos falar sobre Deus e investigar a sua pessoa, pois tal investigação pode ser frutífera e é legítima. O positivismo, por sua vez, afirma que toda investigação metafísica é fútil e sem sentido, porquanto não disporíamos de meios ou de evidências para fazer tal investigação, já que dispomos somente de sentidos físicos que podem sondar coisas materiais, mesmo com a ajuda de máquinas e aparelhos.
7. O teísmo promove o dualismo, de acordo com o qual Deus e sua criação são diferentes: Deus pertenceria a uma classe toda sua, e a criação não pertenceria a essa classe. Em contraste, o panteísmo promove um monismo, de acordo com o qual Deus e o mundo seri¬am de uma mesma substância; Deus seria o cabeça de toda existência, e a existência seria o corpo de Deus.
Quase todos os teístas — embora não todos — escudam-se nos argumentos tradicionais em prol da existência de Deus. A ideia de que Deus está interessado no homem e manifesta-se na natureza e nas experiências místicas (algo comum ao teísmo) promove o meio ambiente intelectual de acordo com o que os homens pensam ser capazes de dizer coisas significativas a respeito de Deus e asseverar a sua existência. No artigo intitulado Deus, apresentei grande numero de argumentos em favor da existência de Deus. Ver sua quinta seção onde apresentei vinte desses argumentos. A bem da verdade, o teísmo só pode aceitar a ideia da existência de Deus mediante a fé. usualmente com base nos Livros Sagrados e suas afirmações. Nem por isso o teísmo condena os argumentos teológicos, místicos, racionais, naturais e sobrenaturais em favor da existência de Deus.
Por Alaid S. Schimidt
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